Wednesday, March 6, 2019

O Benfica no Porto

É já sabido que os benfiquistas do Norte. Longe da sua casa mãe, vão acompanhando o nosso Benfica pela CS, na maior parte dos casos sujeita a visões enviesadas, ou indo aos estádios quando o Benfica se desloca ao Norte do país, aqui sujeitos a preços de liga dos campeões e até à proibição do uso de adereços do Glorioso. Sendo verdade que, em muitos casos, o número de adeptos é de tal forma grande que nos cria uma sensação de maior proximidade do clube e de união, há um local onde isso se torna mais complicado. A minha cidade. O Porto.
O benfiquista do Porto sofre como ninguém o seu afecto pelo Benfica. Festejar títulos é perigoso, para não dizer uma utopia. Fala-se muito da Rotunda da Boavista como o local de eleição. É verdade que nalguns casos se fez ai alguma festa, mas nem de perto comparável com a alegria do Marquês ou mesmo de outras praças portuguesas, ou até outras mundiais. Nunca me hei de esquecer do dia em que o Benfica se tornou campeão no Bessa na época de 2004/2005. Na altura vivia perto da Rotunda e, quando me acercava da mesma, nem sequer para me juntar á festa, pois sei já do que a casa gasta, mas simplesmente porque queria regressar a casa, passo por um jovem casal que, ao ver que envergava uma camisola do Benfica, me alertam para a vinda de "adeptos" do FC Porto para "estragar a festa". Felizmente, na altura, os adeptos acompanharam a equipa ao aeroporto e nada de muito grave se passou. Mas isto é o pão nosso de cada dia. A primeira vez que me apercebi do quão dificil é ser adepto do Benfica no Porto tinha apenas 8 anos. Eu sou benfiquista pela mesma razão que muita gente é de algum clube neste país: o meu Pai. Já ele benfiquista do Porto, cresceu num tempo diferente, e quando me educou, sempre me ensinou a ser adepto de futebol e não anti. Como tal, um dos primeiros festejos futebolísticos que me lembro do meu Pai foram, não do Nosso mas dá vitória do FC Porto frente ao Bayern em 87. No ano seguinte era a nossa vez e, quando o meu Pai me viu chorar baba e ranho depois daquele momento fatídico do Veloso, prometeu-me: vou-te levar a ver o nosso Estádio. Mas o momento de choque veio no dia seguinte. Na escola, tudo o que ouvi dos portistas foi escárnio pela derrota benfiquista e portuguesa frente ao PSV. Foi nesse momento que aquele miúdo de 8 anos percebeu que seria sempre benfiquista no Porto. Poderia contar muitas outras histórias sobre a vida dos benfiquistas no Porto mas estou certo que nada disto vós é estranho. Quero no entanto deixar um pedido à família benfiquista. Ouço e leio muitas vezes que a mentalidade reprovável das gentes do FC Porto é típica do Norte, é típica do Porto. Não é! Há sem dúvida, muito defeito nas gentes destas terras mas aquilo que vocês reprovam, e eu, não é causado pela nossa cultura nortenha e/ou tripeira. Sim, somos muitas vezes rudes mas somos honestos. Esta cultura portista é, principalmente, o fruto de quem pegou no FC Porto nos idos de 80.

Saudações gloriosas

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